A Espanha vive no próximo dia 9 de Março um momento fundamental para a sua vida política. O "interregno" que Aznar impôs à Governação socialista em Espanha foi seguido em 2004 pela eleição de um Governo do PSOE com uma ligeira margem de vantagem, e como todos sabemos, em circunstâncias muito difíceis. Lembro-me como se fosse ontem do dia 11 de Março de 2004 e nas discussões que depois tive com amigos meus sobre as consequências eleitorais dos atentados que tinham sucedido neste dia. Pessoalmente, nunca supus que as eleições ainda viessem a ser ganhas pelo PSOE, mas tendo em conta todas as versões que o Governo de Aznar tentou impôr aos espanhóis sobre a autoria dos atentados e a manipulação da imprensa que se tentou efectuar, a vitória dos socialistas veio a acontecer naturalmente. Numa recente visita a Madrid cruzei-me com uma manifestação organizada pelo PP a contestar as "mentiras" do 11 de Março e a exultar o orgulho nacional através de gritos fascistas de apoio ao regime franquista. Fiquei espantadíssimo com o afinco com que estas pessoas ainda acreditam que o atentado foi da responsabilidade da ETA, mesmo após as sucessivas investigações e decisões judiciais terem comprovado o contrário. Dá-se razão assim, a todos os que ainda afirmam que Madrid é uma sociedade conservadora e que em Espanha muitos ainda vivem à sombra dos velhos tempos do franquismo.
O Governo de Zapatero pôde demonstrar o que significa ter determinação à esquerda na prossecução de importantes políticas de desenvolvimento sócio-economico. Para além da abertura aos imigrantes e ao casamento homossexual, uma economia em crescimento, e políticas de juventude que incentivam a emancipação jovem, este Governo foi capaz de retirar as tropas do Iraque (uma das primeiras decisões). Esta campanha eleitoral é marcada sem dúvida pela colagem da Igreja Católica aos partidos da direita. Este facto, para além de inédito, constituiu uma ajuda de última hora que certamente Zapatero não esperava (nesses dias, Zapatero subiu 6% nas sondagens).
Zapatero terá nos próximos dias um comício decisivo em Madrid (terça-feira) e estará na Extramadura no dia seguinte com um comício em Badajoz. O resultado é no meu entender, uma verdadeira incógnita, já que a curta vantagem que Zapatero leva pode ser sempre diluída com acontecimentos de última hora... As eleições de 2004 foram um exemplo, e o estado de alerta decretado para esta última semana apenas demonstra que os espanhóis contam com tudo. Esperemos, apesar de tudo, que no final o espírito democrático e da não violência possa sobresair.
Deixo alguns vídeos da campanha do PSOE e das Juventudes Socialistas de España (JSE):
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