quarta-feira, 26 de março de 2008

Teoria da Coerência

Axiomática:

Facto Nº 1: No primeiro dia deste mês realizou-se em Lisboa, organizada pelo PCP a Marcha pela Liberdade e Democracia, que segundo os organizadores juntou mais de 50 mil pessoas no Rossio. Serviu a referida manif para realçar o facto de “o regime democrático tem sido alvo de um violento ataque em todas as suas componentes - económica, política, social e cultural - caracterizado por um profundo, persistente e sistemático afrontamento aos direitos e liberdades democráticas.” (Retirado do site do PCP)

Facto Nº 2: O Tibete está a ser palco de manifestações intensas nas duas últimas semanas reprimidas violentamente pela força militar ocupante – a China – tendo já causado segundo o governo do Tibete no exílio mais de 100 mortes.

Facto Nº 3: Os chineses têm os olhos em bico.

Desenvolvimento:

É assim que o PCP faz política em Portugal, dizem-se umas verdades, misturam-se com muitas mentiras e repetem-se estas até à exaustão de modo que o subconsciente as reconheça e as confunda com a verdade. Sob o pretexto de uma acção tomada pelo tribunal constitucional de verificar o cumprimento da lei dos partidos políticos, excluindo os que tivessem menos de 5000 militantes, lá veio o PCP fazer mais uma manif em que se auto proclamam defensores exclusivos da democracia e da liberdade, e aproveitam para atacar o governo. Por sinal o governo é do PS uns anti-democráticos danados onde obrigam os militantes a voto secreto e que segundo a teoria da conspiração made in PC, orquestraram o 25 de Novembro, para vencer o PC e garantirem a vitória da democracia pluripartidária (haverá outra?) em Portugal. Talvez esta parte do pós 25 de Abril não convenha ao PCP, ou esteja esquecida, porque nem os próprios podem acreditar na história que engendraram. Mais não seria de esperar no partido livre e democrático das renovadas purgas dos renovadores.


Será que os acontecimentos recentes no Tibete e a imposição de um regime por uma força ocupante seriam argumentos para uma manif sobre liberdades e democracia? Talvez não para o PCP, diferente de PCC, embora pouco. Neste caso o PCP entende que não há grandes razões para alarme e que no Tibete é que se vive num verdadeiro regime democrático e livre – não se ouve uma crítica dura aos acontecimentos recentes naquele país como seria de esperar de tão grandes defensores das liberdades e democracia. Neste caso, admito que as mais de 100 mortes não se comparam ao mais que trágico acontecimento da contagem dos militantes, mas ainda assim 100 mortes ainda será algo de relevante, já que mais não seja porque revela uma eficácia superior à da guerra do Iraque que produz menos mortos por dia. Será que o PCP não vê realmente o que se passa no Tibete?

Anatomicamente falando os chineses têm efectivamente os olhos rasgadotes.


Teoria:

Os comunistas portugueses não vêem porque têm os olhos em bico.

Corolário:

O PCP organizou a Marcha pela Liberdade e Democracia, mas na marcha da coerência não podem certamente participar.

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